terça-feira, 13 de março de 2007

Perdestes-me.


Àquela hora já não mais haviam luzes no edifício. A inércia temporal parecia engolir por completo o quarto escuro, enquanto meu corpo rolava de um lado a outro da cama numa frívola tentativa de te expulsar de meus pensamentos. A forte dor nos pulmões era sitematicamente escamoteada pelo turbilhão de pensamentos; uma invisível mão que parecia enlaçar-me a garganta, consternando-me do simples respirar.
Onde estaria você agora? Decerto não lembra-se que destroça a cada dia os sentimentos alguém um dia nutriu por ti, e que também os regastes para que se desenvolvessem. Ainda que não houve resquício de sentimento por mim, haveria de existir, ao menos, uma necessidade de respeito por alguém que te admirou certa vez.
Para que tantas mentiras? Não percebes que a verdade seria de maior eufemismo que todas as vezes que tentas me enganar ridiculamente?! Certamente seu vizinho não tem o costume de morrer quando você sai à noite com seus amigos. Tenho plena consciência de que o problema não foi dinheiro nem tempo. Aliás, fazem quatro dias que você me deixou sozinho para se divertir, e, apesar das oportunades, não foi capaz de me pedir desculpas.
"Sempre consigo o que não quero" e "Quer romance? Leia um livro!"?

Se esqueces apenas de que não me conseguiu. E se um dia conseguiu, acaba de perder-me.

Finalmente, desprovido de todo e qualquer talento cênico, ainda tentas infamemente me ganhar com suas palavras e falsidades tolas. Só não lebrastes de que quem escreveu este roteiro fui eu.
Prefiria que amasses calado, afinal, apesar da pseudo-especialização na área, não és tão bom com palavras. Quiçá com ações.


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