quarta-feira, 14 de março de 2007

Crônicas do Lago (2)


A doce criança transpassa o espelho d'água com suas pequeninas e alvas mãos. Com a pouca força que ainda lhe resta, enlaça o pescoço do homem imerso na gélida água, e com seus delicados dedos, rouba-lhe todo o ar.
As lágrimas caem de seu angelical rosto no antigo lago, a tristeza tomando-lhe o âmago enquanto observa o corpo inerte do rapaz perder a vida paulatinamente, e afundar junto às folhas mortas que jazem no fundo.
"Já era hora de fazê-lo, meu anjo, já era sua hora".
O frágil coração infantil se contraía em desespero, mas ela sabia que era tempo de tomar uma atitude. Lembrou-se de Maquiavel naquele tolo momento.

A pouca vida do corpo do homem se dissipara nas águas turvas.

A criança dá sua pequena mão a ele e os dois caminham para longe do secular lago. O corpo desalmado do homem descansa junto a tantos outros, envolto na folhagem profunda.
Andam juntos e vagarosamente na direção do longínqüo horizonte, sob o crepúsculo.

"Aguarde, amor, este lago não secará. E se um dia houver novamente uma alma errante que desejar viver mais uma vez, ela o procurará. Se não, é pois tempo de partires para sempre do lago."

2 comentários:

Bina Goldrajch disse...

Bravo! Bravíssimo!

Você brinca com as palavras de tal maneira que faz facilmente qualquer um se emocionar.

Quem não lhe conhece acha até que a senhor é uma pessoa séria. rss...

Brincadeira. Você possui um talento extraordinário!

Ganhou uma frequantadora por aqui. =)

Beijíssimos! =*

Bina Goldrajch disse...

Eu sou a Paula, não "paulinha". Não sei porque raios apreceu "paulinha" lá. ¬¬

(miss clare)