terça-feira, 1 de maio de 2007

A criança e o vento.


A pequena criança, em seu semblante agonizante, tenta, com suas pequenas mãozinhas, salvar do vento os poucos desenhos feios que tem. Ela luta com toda sua coragem para mantê-los consigo, mesmo sabendo que são apenas rabiscos feios.
Nunca passarão, decerto, de traços mal-feitos, sem importânica para os outros. Para a criança eles são tudo o que possui, e isto os faz o mais precioso tesouro em toda a Terra. Não pode deixá-los voar para longe com o sopro da ventania, precisa tê-los consigo.

Não havia mais ninguém no inóspito parque. Apenas um solitário balanço oscilava lentamente naquela tarde nublada. Nenhum ruído fazia-se ouvir entreos frios brinquedos; apenas o uivo agudo do vento feroz.
Uma lágrima cai no chão de terra batida, partida dos pequeninos olhos infantis. Os lábios da criança tremiam de desespero, o menino ajoelhado.
Suas frágeis folhas com seus desenhos feiosos voavam para cada vez mais longe. Os impotentes braços já não mais alcançavam-nos.

Os papéis se perdiam na cidade, abandonando a criança sozinha no parque deserto.

Um comentário:

Clara disse...

Ain que triste :(
Lembrei da minha infância...